Estas séries eram exageradas até ao ponto de colocar imensos jovens da minha escola e arredores a jogar cartas ou a lutar com peões, e isso foi uma coisa que tornou estas em algo tão especial para a minha geração, a capacidade de nos aventurarmos num mundo de fantasia que possuía alguma presença física na realidade (mas sem os monstros ou os bit-bichos claro).
Agora cresci, e se alguma vez voltar a pegar nestas é por pura nostalgia. Nos dias de hoje, os jovens não têm séries que consigam alcançar o auge das acima referidas, só uma chamada Bakugan é que parece estar a conquistar esse território, e esta parece já ter alcançado popularidade o suficiente para ter os seus próprios videojogos, que é o caso de Bakugan: Defenders of the Core, do qual estou aqui para falar hoje.
Pelo que eu estou a par, esta é uma série na qual miúdos põe monstros com o tamanho do Godzilla a lutar contra outros seus semelhantes, fazendo disto uma estranha combinação entre Pokémon e Beyblade. Para todos os efeitos, o jogo tenta recriar esta temática da série através de um brawler de arena um bocado semelhante a Power Stone em termos de mecânica.
O combate é puro button-mashing. O jogador tem à sua disposição botões para ataques fortes e fracos com os quais pode criar alguns combos variados, e ainda um botão para executar um ataque de longo alcance. Dito isto, o combate até que é bastante funcional em termos de execução, e a presença de um botão de dash ajuda a fazer com que o dito cujo não seja lento e pacato. Combate simples, mas eficaz.
Os monstros podem também executar vários ataques especiais, muitos dos quais são obtidos no modo história (do qual falarei mais daqui a um bocado). Estes são bastante úteis e resultam muitas vezes em grandes apoios defensivos e ofensivos para o jogador, mas só podem ser activados assim que este tiver a sua barra de ataque especial cheia até ao máximo.
Claro que, há mais coisas a ter em conta quando se for combater. Para já, todos os monstros possuem um elemento natural (fogo, água, luz, voo, entre outros) que tanto poderá facilitar as suas batalhas como dificultá-las. Existe também a possibilidade de montar hologramas que podem curar o monstro que estiver em combate, e também servem de isco para impedir adversários de destruírem a landmark do jogador, que pode resultar numa derrota imediata.
Estas landmarks existem para tornar as batalhas mais variadas, para que não seja tudo só pancadaria. Cada combatente possui uma landmark, que marca o território de cada um. O primeiro a ficar com esta destruída perde automaticamente o jogo, tão simples quanto isso.
O modo de história, para além de ter estes segmentos de combate, manda também com uns pozinhos extra para tornar toda a experiência um bocadinho mais enriquecida. Tirando um enredo baseado no anime que tenta fazer com que o jogador se sinta no jogo, o jogador pode agora ganhar pontos de experiência em combate e fora deste para tornar os seus monstros ainda mais poderosos.
Antes de entrar em qualquer combate, o jogador anda sempre neste modo a fazer missões de stealth muito pobres (são demasiado fáceis) com alguns elementos suaves de RPG como falar com NPCs e até apanhar itens que se encontrem espalhados pelos níveis (experiência, cartas com ataques especiais, entre outros).
Os gráficos de Bakugan não são dos mais elaborados, mas também não são maus. Muitos dos ambientes de jogo encontram-se bem desenhados ainda que simples, e muitas das arenas de combate revelam uma certa monotonia, mas nada disso faz com que o jogo pareça mal ao olhos de alguém, pois até que consegue ser graficamente competente para aquilo que faz. As personagens têm bom detalhe em termos de caracterização física, o que não é mau para tentar simular o look do anime.
A banda sonora é simplista e o seu uso abusado de rock torna-a em algo repetitivo e por vezes irritante, mas o mesmo se passava quando via Beyblade e eu nunca queixei-me disso. Para além do mais, antes música simples e repetitiva do que nenhuma. As dobragens, como seria de esperar, estão em inglês por causa da audiência em questão, e muitas delas não são lá grande coisa.
Quando joguei Bakugan: Defenders of the Core, eu o fiz com a mente bem aberta uma vez que nada ou pouco sabia do anime no qual isto era baseado. E devo de admitir que apesar de toda a simplicidade e falta de budget que o jogo revela em termos de apresentação e mecânicas, eu achei Bakugan: Defenders of the Core um jogo bem agradável, não só para os miúdos que adoram a série mas também para os jogadores que não têm mais nada que jogar e desejem pegar em algo simples e razoavelmente bom.
Este é um jogo que, para todos os efeitos, consegue alcançar o objectivo principal de qualquer outro: entreter o jogador. E consegue fazê-lo não apenas de uma forma estranhamente convincente, mas também com algum esforço que é digno de receber uma boa oportunidade. Para além do mais, são jogos como este que nos fazem lembrar o que é que tornava o Beyblade ou o Yu-Gi-Oh! tão especiais aos nossos olhos, tanto no ridículo como na fantasia.
Bakugan: Defenders of the Core foi desenvolvido pela Now Productions para a Activision, e encontra-se disponível para a PlayStation 3, Xbox 360, Wii, Sony PSP e Nintendo DS. A Ecofilmes providenciou à ENE3 um exemplar da versão PlayStation 3 para testar.
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